O essencial
- 37% das emissões de gases de efeito estufa vêm de sistemas agroalimentares, essa taxa pode chegar a 65% até 2050 (IPCC, 2022). Para o CIRAD, há uma necessidade urgente de transformar os sistemas agrícolas e alimentares.
- Presente na Amazônia há mais de 40 anos, o CIRAD desenvolveu uma parceria forte e diversificada, principalmente com o Brasil. Com 9 pesquisadores expatriados, o CIRAD realiza inúmeros projetos por ano com seus especialistas locais, particularmente sobre a sustentabilidade dos territórios e a luta contra o desmatamento.
- 5 cientistas do CIRAD com várias especializações falarão na COP30.
O CIRAD participará da COP30, como tem feito todos os anos desde a COP21. Quinze de seus cientistas compartilharão seus conhecimentos em conferências, mesas redondas ou eventos paralelos, a fim de pedir a transformação dos sistemas agroalimentares para enfrentar as mudanças climáticas. Esses setores estão cada vez mais presentes nas negociações da COP: na COP27 em 2022, a Iniciativa Conjunta de Sharm el-Sheikh sobre a Implementação da Ação Climática para a Agricultura e Segurança Alimentar foi votada por todos os países e, no ano seguinte, na COP28 em Dubai, 152 países (de 197) assinaram a declaração oficial sobre agricultura sustentável, sistemas alimentares resilientes e ação climática.
Transições agrícolas sustentáveis, conservação florestal e inclusão social estão fortemente ligadas
Embora a agricultura e os sistemas alimentares sejam os principais emissores de gases com efeito de estufa, estes setores são também vítimas dos efeitos das alterações climáticas (secas, inundações, incêndios, etc.). De acordo com as previsões do IPCC, 8 a 30% das terras agrícolas serão inadequadas para a produção até 2100.
As florestas tropicais enfrentam o mesmo desafio: elas têm a capacidade de capturar carbono, mas estão chegando a um ponto de ruptura em que podem emitir carbono. Além das áreas que já foram desmatadas há muito tempo para a atividade agrícola, agora enfrentam atividades ilegais, a principal fonte de desmatamento nos últimos anos.
Uma transformação sustentável dos sistemas agrícolas e das operações florestais é necessária para enfrentar esses desafios.
As decisões sobre agricultura e sistemas alimentares são complexas, pois se enquadram em várias áreas, mas são essenciais porque, além de mitigar as mudanças climáticas, esses setores desempenham um papel fundamental na segurança alimentar, saúde, redução da pobreza e economia rural na grande maioria dos países ao redor do mundo.
Vincent Blanfort
Encarregado dos assuntos mudanças climáticas
Os cientistas do CIRAD estão trabalhando em vários projetos e demonstrando que a agricultura e a silvicultura podem e devem fazer parte das soluções para as mudanças climáticas.
Justiça climática para imaginar o futuro
A intensificação das enchentes e secas está enfraquecendo a produção agrícola na Amazônia, que já está pouco conectada aos mercados mundiais, agravando a insegurança alimentar das comunidades amazônicas. Essas comunidades, embora não sejam responsáveis pelas crises globais, estão sofrendo toda a força de suas consequências. Que iniciativas existem para denunciar essa injustiça climática e encarar o futuro de forma diferente?
Aqueles que menos contribuem para as mudanças climáticas são os que mais sofrem. Esta é a observação na qual se baseia a noção de justiça climática. No Brasil, o conceito é mobilizado por movimentos sociais para apoiar caminhos alternativos de desenvolvimento, principalmente para as comunidades rurais. A pesquisa acompanha esses movimentos documentando e criando espaços de troca dentro dos territórios.
Uso sustentável das florestas tropicais
As florestas da Amazônia abrigam uma sociobiodiversidade excepcional e contribuem para o bem-estar e a subsistência de milhões de pessoas. Diante das mudanças climáticas, no entanto, o futuro dessas florestas é incerto. Como o estoque de carbono e a biodiversidade são afetados pelas mudanças climáticas? Como as práticas de manejo florestal podem ser adaptadas aos desafios das mudanças climáticas?
As florestas amazônicas estão ameaçadas pelas mudanças climáticas, pelo desmatamento e pela degradação, além do desenvolvimento de monoculturas. Para preservar esses territórios, os seres humanos e as florestas que os habitam, bem como o equilíbrio climático global que deles depende, é necessário compreender as transformações em curso e (re)pensar novos imaginários e formas de governança que levem em conta as expectativas locais e as dinâmicas globais, com base nos princípios da justiça social e ecológica. O Cirad, em colaboração com seus parceiros institucionais e comunidades locais, explora as transformações socioecológicas e tenta repensar os usos e a governança dos territórios para responder aos desafios de um mundo em transição. Silvicultura inovadora baseada no plantio de espécies nativas, prospectiva participativa e governança regenerativa: há muitas pistas a serem estudadas.
Conciliar as actividades humanas e a conservação da natureza
As concessões florestais comunitárias permitem a gestão de territórios florestais por povos indígenas e comunidades locais. Os resultados de conservação são extraordinários nessas áreas, as taxas de desmatamento são quase zero, permitindo que as comunidades locais explorem os recursos naturais e pratiquem a agricultura para autoconsumo.
Le Cirad coordonne le projet ConForMa, en partenariat avec l’association des communautés forestières Acofop. Financé par le Fonds français pour l’environnement mondial (FFEM), ce projet a pour objectif de pérenniser la gestion forestière communautaire au Guatemala et de la promouvoir au niveau international. Elisabeth Claverie de Saint Martin, PDG du Cirad, s’est rendue au Guatemala du 16 au 20 septembre dernier, à l’occasion du lancement du projet.
Cientistas do CIRAD mobilizados antes e durante a COP
Antes da COP
Os cientistas do CIRAD estão participando da caravana fluvial do IARAÇU que percorre o rio Amazonas de Manaus a Belém, com o objetivo de promover o diálogo entre ciência, sociedade e tomadores de decisão públicos em torno das questões climáticas.
Conheça o programa.
Durante a COP30, conheça os especialistas do CIRAD
Vincent Blanfort, gerente do projeto climático e FairCarbon (Carbono nos ecossistemas continentais: alavancas e trajetórias para a neutralidade de carbono) na Guiana Francesa;
Marie Hrabanski (remotamente), co-líder do tema de pesquisa prioritário mudanças climáticas;
Nathalie Cialdella (remotamente), Açaí'action (Co-construção de conhecimento e consolidação de mercados de qualidade para produtos da sociobiodiversidade amazônica)
Pierre Marraccini, Diretor Regional do CIRAD no Brasil e Países do Cone Sul;
René Poccard-Chapuis (Brasil), dP Amazonie (Rede de Territórios Amazônicos)
Raphaël Marichal (Guiana Francesa), dP Amazônia (Rede de Territórios Amazônicos); FEFAccion (Fundo de Ação Team France na Amazônia sobre Mudanças Climáticas e seus Impactos) e projetos FairCarbon na Guiana Francesa
Marie-Gabrielle Piketty, TerrAmaz (Programa de Apoio ao Desenvolvimento dos Territórios Amazônicos)
Emilie Coudel, Sustenta&Innova (Restaurando Áreas Alteradas nos Territórios Amazônicos)
Marie-Ange Ngo Bieng, ConForMa (Rumo à Gestão CONcertée FORestière do Futuro: Exemplo da Selva Maya e das Comunidades Florestais de Petén na Guatemala)
Géraldine Derroire, TMFO (Observatório de Florestas Tropicais Manejadas) e One Forest Vision
Conheça o programa.
Alimentando o mundo diante da emergência climática: rumo a uma transformação sustentável da agricultura
As apostas são altas: reduzir as emissões de gases de efeito estufa ligadas à produção de alimentos, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade para garantir a segurança alimentar global para uma população que deve se aproximar de 10 bilhões de habitantes em 2100.
A pesquisa desempenha um papel central na resposta aos desafios das mudanças climáticas e, em particular, na disponibilização de factos científicos acessíveis ao maior número possível de pessoas.
Para a COP, um livro intitulado Climate Impacts and Challenges on Agriculture, Forests, and Food Systems: A global perspective, coordenado pelas equipes do CIRAD, será publicado pela Springer.
Este livro destaca as especificidades dos países do Sul, muitas vezes sub-representados no trabalho científico, embora estejam entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas. Numa altura em que a solidariedade internacional está a ser questionada e o multilateralismo está a ser discutido novamente, o mundo científico deve resistir.
Vincent Blanfort, Marie Hrabanski, Julien Demenois
Coordenadores do livro
Um novo livro, redigido por cerca de 150 cientistas do Norte e do Sul e coordenado pelo Cirad, explora a diversidade de estratégias para transformar de forma sustentável os sistemas agrícolas, alimentares e florestais do mundo diante das mudanças climáticas. Publicado pela editora Quae em francês, estará disponível em inglês pela editora Springer para a COP30 Clima em Belém, no Brasil, em novembro de 2025. Este livro é destinado a tomadores de decisão políticos e à sociedade civil.
O livro foi apresentado aos jornalistas, em sua versão francesa, durante uma coletiva de imprensa online em 23 de setembro.
CIRAD e as COPs do Clima
O CIRAD vem acompanhando ativamente as negociações desde a COP21, onde o Acordo de Paris foi assinado. Como tal, é membro do Grupo Interministerial para a Segurança Alimentar "Clima" e participa nas COPs do Clima com estatuto de observador. Também é regularmente mobilizado para a revisão dos relatórios do IPCC e também contribui para o grupo de trabalho Koronivia em conjunto com seus parceiros no Norte e no Sul. A agricultura e os sistemas alimentares estão ausentes das negociações da COP há muito tempo. Eles agora são cada vez mais proeminentes nas discussões, que culminaram na Iniciativa Conjunta de Sharm el-Sheikh sobre a Implementação da Ação Climática para a Agricultura e Segurança Alimentar, votada por unanimidade na COP27, em 2022, seguida no ano seguinte pela Declaração de Dubai sobre Sistemas Alimentares na COP28 (leia a revisão da COP28).